sexta-feira, outubro 24, 2025

Sem glória…

 

Fonte da imagem:https://expresso.pt/sociedade/2025-10-23-carris-deu-informacao-errada-a-investigacao-do-acidente-com-o-elevador-da-gloria-26249d59

 

 

Esta semana que passou, ficámos a conhecer o relatório1 sobre o infeliz desastre do Elevador da Glória, quem assim o desejar pode consultar o dito na ligação que mais abaixo disponibilizo. Não pretendo porém, nesta pequena escrevinhadela deter-me nos aspectos técnicos desse relatório, que já foram exaustivamente dissecados pelos muitos e variados “especialistas” especializados que enxamearam as televisões nos minutos, horas e dias imediatos à saída desse relatório, não, o meu fito é outro, apenas discorrer sobre uma realidade que todos conhecemos mas sobre a qual poucos falam.

O muito trágico acidente com o Elevador da Glória, entra na categoria de uma infeliz e longa sucessão de trágicas barracadas que ceifaram vidas, mercê apenas da nossa proverbial queda para o laxismo, a inépcia, a incúria e a mais absoluta e pavorosa incapacidade além de pura indigência intelectual que ocorre transversalmente pelas cadeias de comando das instituições nacionais.

Como muito bem sabem sou funcionário público, há décadas que observo os indigentes intelectuais, os néscios, os sabujos intrujões e os incapazes serem consecutivamente elevados a cargos de chefia, sem outra qualidade que possuam que não sejam a enorme capacidade de lamber cus e ou serem detentores de cartões de filiação partidária, logo protegidos pelas máfias politiqueiras há muito instaladas nas instituições públicas deste antro chamado Portugal, há décadas que vejo a decadente e podre rede de ineptos instalados nos lugares de coordenação, administração e chefia, falcatos, cujos lugares dependem da capacidade subserviente de lamberem o cu à corja dos politiqueiros medíocres que neles mandam.

É já algo longa e custosa em vidas a lista2 de acidentes da índole deste mais recente do Elevador da Glória. Das “Cheias de Lisboa de 1967”, ao desastre ferroviário de Alcafache em 1985, a queda da Ponte em Entre-os-Rios em 2001, passando pelos incêndios de Pedrogrão em 2017, temos uma longa lista de incidentes fruto de uma enviesada maneira de agir, da insistência em nomear gentalha torpe e medíocre para lugares de importância crítica, juntando-se a isso uma muito fraca cultura de segurança, a gestão merceeira mais a ganância além do ainda menos respeito pelas pessoas, tudo por junto desemboca neste tipo de infaustas situações.

O que aconteceu portanto, na minha muito humilde opinião, foi mais um destes episódios de inépcia, incúria, incapacidade, merceeirismo, miserabilismo intelectual e mediocridade consentâneo com a longa história desse tipo de ocorrências anteriormente aludidas, infelizmente, no recente acidente com o elevador, juntaram-se novamente as condições ideais para mais uma catástrofe, que de novo ceifou vidas, as carpideiras do costume lidaram com a ocorrência, como é seu costume, as administrações demitem-se, os politiqueiros da oposiçâo exigem a demissão dos da situação, estes defendem-se atabalhoadamente com argumentos patéticos e daqui a uns tempos já ninguém se lembra de nada entretidos com futeboladas, festanças e festivais, orgias, comezainas e bebedeiras, até ao próximo infortunio que ceifará mais umas quantas vidas, de novo o dito servirá para abrir canais de televisão em busca de audiência e como dizia o outro ...tudo como antes, Quartel em Abrantes.

O triste disto tudo é que não aprendemos nunca nada com as tragédias, enquanto povo somos mansos, exigimos pouco, as elites politiqueiras medíocres continuarão a criar as suas redes de chefias igualmente medíocres cheias de gentalha intelectualmente indigente, a falta de planeamento, de fiscalização, de profissionalismo bem como a falta de prevenção e implementação de uma cultura de segurança continuará como até aqui, dou-vos como exemplo o miserabilismo criminoso do transporte de crianças em Portugal, onde politiqueiros, escolas e demais actores deste sistema podre assobiam para o lado, numa mais que abjecta mediocridade e falta de cultura de segurança, interessam pouco as pessoas.

Os medíocres mais os ineptos continuarão a ser elevados ao céu, os realmente bons vão tornar-se maus e nada mudará, porque Portugal é um antro de gentalha asquerosa.

Um abraço, deste vosso amigo

Barão da Tróia


1https://www.gpiaaf.gov.pt/upload/processos/d054263.pdf
2https://eco.sapo.pt/2025/09/06/as-maiores-tragedias-em-portugal-dos-ultimos-65-anos/

sexta-feira, outubro 10, 2025

Mas de onde é que vem o dinheiro?

 

Fonte da imagem: https://en.wikipedia.org/wiki/Money

 

Um destes sábados, ainda de calor, sentados à roda de uma mesa, discutíamos estas questões das flotilhas de Gaza e da guerra com Israel. Nesta roda de gente que se conhece há muito tempo, existem várias sensibilidades, quer de Esquerda quer de Direita, um ou outro mais extremista, mas no geral gente ponderada e com o siso que o meio século e mais uns trocos de vida de quase todos já permite.

Discutíamos polidamente mas com afinco, quero antes de continuar dizer que pessoalmente estou nas tintas para Gaza, para Israel mais para a Palestina, pessoalmente não quero saber disso para nada, idem para o Darfur mais o Iémen, estimo que tudo isso se lixe, Portugal tem suficientes problemas graves para que se gaste tempo a cogitar sobre os problemas dos outros quando não resolvemos os nossos, pode ser uma opinião retrógrada básica e o mais que queiram mas é a minha e tenho direito a ela.

A meio da conversa já tínhamos retrogradado para  os anos 60 e 70, para os tempos dos grupos "terroristas" palestinos, OLP, Setembro Negro, Fatah, Abu Nidal entre muitos outros percursores das Al Quaedas e das talibanices mais modernas, tratávamos de questões muitas delas sem resposta, porque radicam em “erros” anteriores à criação do Estado de Israel, que pessoalmente acredito que mais não foi que uma espécie de aliviar das consciências da Europa em relação ao povo Judeu. Entretanto alguém, não me recordo quem, atira a questão - Mas de onde é que vem o dinheiro?

Ficámos todos em silêncio a olhar uns para os outros sem resposta, quem timidamente aventou uma resposta, que não sei se é verdadeira, mas é a minha convicção, fui eu, olhei para o grupo e expliquei que na minha opinião, quem, há seis décadas, paga esta palhaçada do terrorismo vindo do Médio e Próximo Oriente somos nós, os Europeus, somos nós que de forma directa e indirecta temos andando a alimentar esta rapaziada toda.

Indirectamente por causa da geopolítica decorrente da Guerra Fria, bem como de outros interesses políticos e estratégicos, financiando grupos como por exemplo os Mujahideen do Afeganistão treinados e financiados pelos Estados Unidos, posteriormente forneceram os quadros para os talibãs e outras excrescências terroristas.

Directamente financiamos isto tudo através do consumo do petróleo, enchendo os bolsos a países que há décadas promovem e apoiam organizações terroristas de índole muçulmana radical, Irão, Siria, Quatar, Coreia do Norte ou Cuba são exemplos conhecidos de grandes financiadores do terrorismo mundial. É daí que lhes vem o dinheiro. Somos nós os europeus que financiamos as próprias armas que nos matam há tanto tempo, somos nós que temos falhado em tomar as rédeas do nosso destino preferindo entregar a terceiros esse onús, mercê dessa atitude, hoje com uns Estados Unidos à beira da implosão geridos por alguém com problemas cognitivos, a Europa vê-se num repente sozinha, perdida, a ter de continuar a sustentar isto tudo sem saber bem como.

Depois olhamos para Portugal, onde mães dão à luz no chão de urgências hospitalares ou em ambulâncias, um país à beira do caos que luta sem sucesso contra a falta de natalidade, onde mães que amamentam e ou ficam grávidas são despedidas, um país em que os politiqueiros medíocres continuam a anunciar construções mirabolantes de campos de futebol mais disto e daquilo numa orgia de megalomania atroz, quando o que faz falta são lares, são instituições de cuidados continuados e ou paliativos, são instituições para crianças e jovens deficientes, anunciam-se e esbanjam-se rios de dinheiro em imbecilidades quando para o que importa nem um tostão aparece.

Ao fim da tarde, depois de uma imperial bem gelada, ficámos ali calados, uns mais introspectivos que outros, brindámos à saúde, mas aquela frase - Mas de onde é que vem o dinheiro? - continuou a ecoar na minha cabeça…

Um abraço deste vosso amigo

Barão da Tróia


P.S. - Ouvi, a propósito da ida a Gaza de uma rapaziada à procura de protagonismo a palavra “coragem”.

Coragem, coragem era ser voluntário num lar, sem parar em Ibiza pra beber uns copos, coragem era ir trabalhar com crianças multideficientes sem parar na Tunísia pra beber mais uns copos, coragem era lutar para que se construam equipamentos que nos fazem imensa falta, como sejam os lares, os CRI's, as instalações de cuidados continuados e paliativos, coragem era pegar numa parte dos lautos ordenados e pagar contas a velhotes que definham com reformas miseráveis, coragem seria lutar por um país onde não existam nem reformas de 300 Euros nem de 10 mil Euros, isso é que era coragem, agora entrar em barcos para ir meter o nariz na vida dos outros quando têm um país de merda pode ser muita coisa mas coragem não é.


sexta-feira, setembro 26, 2025

Ensino Especial e Inclusão

 

Fonte da imagem:https://escolapt.wordpress.com/2020/08/02/nao-ha-inclusao-sem-especializacao/

 

Quando comecei a escrever estas linhas, decorria uma manifestação junto ao Ministério da Educação, o protesto foi convocado pelo Movimento Inclusão Efetiva, cuja sigla é MIE, numa breve consulta à página de uma rede social onde este movimento faz a apologia da sua causa, ficamos a saber que o dito movimento se bate por; “Este grupo tem como objectivo fazer com que existe uma inclusão efetiva das crianças com NEE em Portugal seja na educação como também na sociedade em geral”1.

Comecemos pelo início, há anos que escrevo sobre a questão do Ensino Especial, há décadas que afirmo sem que ninguém me desminta, excepto pontualmente porque afinal não conheço tudo nem sou infalível, mas genericamente tudo o que tenho escrito se prova verdade, basicamente e resumindo a uma palavra o Ensino Especial em Portugal é uma palhaçada, deste feita e como faço quase sempre para temáticas que conheço menos, contactei várias pessoas amigas ligadas a vários níveis de docência, espalhadas por vários agrupamentos de Norte a Sul do país, para obter relatos das suas experiências, validando ou não de uma forma mais informada as opiniões que possuo sobre o tema.

Actualmente o enquadramento jurídico das necessidades especiais e da inclusão, assenta no Decreto-Lei n.º 54/20182, uma legislação muito bonita, muito catita, infelizmente elaborada com os pés por gente que não faz a menor ideia de como funciona uma escola, daí fazer aqui referência a este tristemente famoso “54” que enquadra esta coisada toda das necessidades especiais, legislação que não passa de uma salgalhada própria de um país absolutamente esquizofrénico.

O Ensino Especial nunca funcionou com o mínimo de seriedade nas escolas portuguesas, pior, no imediato momento em que os governos abdicaram do seu papel na Educação e chutaram as escolas para as autarquias fomos de cavalo para burro com uma velocidade de tal modo furiosa que o estrépito causado soa furiosamente por todos os agrupamentos escolares assoberbados com todas as idiotices patéticas que os governantes dos últimos 20 anos resolveram implementar, 2005 foi o ano em que a Educação começou a ruir abruptamente, não que os governos anteriores tivessem tido uma atitude positiva, mas a partir de 2005 a coisa descambou completamente, culminando na mediocridade que temos hoje, e que estou em crer que ainda alcançaremos mais dessa mediocridade pois ainda não batemos no fundo, está quase, mas falta ainda um nadita, tenham esperança.

Ora então seguindo, mercê de várias circunstâncias, sendo a maior delas, o facto de os governos dos últimos 20 anos terem desinvestido na Educação, as escolas estão em condições miseráveis, faltam recursos humanos e materiais, sobra a muita carolice dos que trabalham nas escolas que vai colmatando alguns dos pontos fracos, mas já nem essa boa vontade consegue tapar a cada vez mais esfarrapada Educação. Turmas sobre-dimensionadas, com cada vez mais casos de crianças com necessidades especiais, falta de terapeutas, falta de pessoal auxiliar com adequada e contínua formação, os espertos governeiros vão tapando o Sol com a peneira recorrendo aos desempregados, o que não deveria ser de todo sequer uma solução, mas é, junte-se ainda um agora novel fenómeno advento desta modernidade que sã0 as famílias com diminuto e ou até inexistente domínio e compreensão da língua do país que escolheram para vir viver, tudo junto é o caos.

Professores e educadores em “burnout” com demasiada idade para aturarem fedelhos mal educados, temos assim o coquetail perfeito para que o Ensino Especial seja uma grande fantochada, a existência de serviços duplicados ajuda ainda menos, ainda hoje estou para perceber para que realmente serve uma coisa chamada “intervenção precoce”, excepto a criação de mais uma “capelinha” num mundinho já prenhe delas, disso mais de egos exacerbados, junte-se a falta gritante de terapeutas, o que disto resulta são falhas gritantes nos apoios que as crianças deveriam e muito necessitam de ter.

A este cenário absurdo, absolutamente esquizofrénico e patético, juntou-se ainda a “Inclusão”, outra inenarrável fantochada, que da forma como está a ser levada a cabo deveria mudar de nome para “Exclusão”, porque na realidade muitas vezes para incluir uma criança excluem-se as outras dezanove da turma.

É forçoso dizer que existem crianças enfiadas em turmas nas escolas, escolas essas que estão a servir apenas como uma espécie de armazém para este tipo de crianças, crianças essas que não estão ali a fazer nada, faltam nas escolas unidades de apoio a deficientes, muitas dessas unidades são apenas armazéns para os casos pesados de crianças não funcionais que dessa formam “roubam” o lugar a crianças com problemáticas mas funcionais que beneficiariam imenso com as terapias que as unidade pudessem com elas fazer, assim como está a tal “Inclusão”, não serve a ninguém, não serve às escolas, não serve às famílias e não serve de todo às crianças.

E tudo isto acontece por causa da mentalidade merceeira dos governantes, que esbanjam fortunas com imbecilidades, não investem no que é flagrantemente necessário, faltam Centros de Recuperação Infantil, os “CRI”, que são o sítio indicado para alojar muitas destas crianças com efectivas necessidades especiais que não estão a fazer nada nas escolas, que se arrastam pelo ensino público ao abrigo dessa coisa que chamam “Inclusão”, cujas malhas são tão absurdamente estreitas que é possível um autista não funcional com quase sete anos, que apresenta problemas comportamentais estar numa sala de jardim de infância com crianças de três anos, este é apenas um exemplo dos muitos que recolhi alguns de bradar aos céus.

Para encerrar meus caros, “Ensino Especial e Inclusão” são duas realidades muito necessárias na Educação, infelizmente em Portugal, são duas fantochadas patéticas, são farsas atafulhadas de quantidades pantagruélicas de papelada inútil, que funcionam a custo de uma forma medíocre, exceptuando nalguns honrosos casos pontuais onde funcionam com alguma qualidade, mercê da boa e velha carolice de todos os que lá trabalham, o grosso porém é uma verdadeira gaiola de malucas atamancada gerida de forma amadora e incipiente que nos desacredita todos, governantes, povo, escolas e famílias.

Um abraço, deste vosso amigo

Barão da Tróia

1https://www.facebook.com/groups/691722178589366/announcements

2https://diariodarepublica.pt/dr/detalhe/decreto-lei/54-2018-115652961

sexta-feira, setembro 12, 2025

À deriva

 

Fonte da imagem:https://www.planocritico.com/critica-a-deriva-2022/

 

Não sei qual é a vossa sensação, nem sei mesmo sequer se aquilo que sinto e sobre o qual hoje escrevo é verdadeiro ou produto de uma alucinação, mas suspeito há muito que Portugal é um país anedota. Um cada vez maior antro de ignorantes, uma gaiola de malucas, percorrendo as ruas sujas, imundas, mal cuidadas cheias de gente igualmente suja, sinto que vivo num navio à deriva, uma embarcação corroída pelo taredo, desmastrada com o velame desfeito por tempestades dantescas que nos assolam há décadas, gostava de ter a capacidade, que muitos possuem, ver ver o copo meio cheio, infelizmente vejo o copo não só vazio, como também partido, incapaz portanto de segurar o quer que seja.

Vemo-nos assolados por tragédias, algumas delas, em muito propiciadas pela proverbial capacidade que possuímos para a inépcia e para o laxismo, andamos pois numa roda viva, em total desnorte, apontam-se os dedos a uns e a outros diz-se e desdiz-se com a mesma facilidade com que respiramos, apetece gritar, gritar mesmo em silêncio para que este manicómio se cale, para que os doidos de Lisboa regressem à província e se ocupem dos que lá estão, mas não, andamos à deriva, perdidos em nós.

As instituições basilares de uma sociedade democrática europeia, soçobram, engolidas pela nossa inépcia de incapazes e também pela chegada de hordas de crentes nas crendices que julgávamos para sempre enterradas num passado triste, não tarda teremos de volta os autos de fé, não tarda voltam a existir fogueiras acessas onde queimarão os hereges, os infiéis, basta ir pelas ruas destas nossas vilas e cidades para ver pulular por becos e vielas, todo o tipo de cultos da crendice labrega desses povos ignorantes, dessa muita caipiragem dos sertões e dos sultões que por aqui aporta, um dia os hereges queimados seremos nós e não tarda já, precisávamos de um qualquer Deus que transpirasse humanismo e compaixão ao invés do panteão de deuses imbecis que nos inventaram, essa corja divina de labregos castradores e assassinos, enquanto isso andamos aqui à deriva.

Estamos obcecados com o parecer, desprezamos cada vez mais o ser, desprezamos o, e quem somos, perdidos à deriva, desenraizamos os desenraizados, aqueles que há muito não sabem quem são, porque não querem saber e ou porque nunca se encontraram, não tarda seremos nós, hoje já pouco resta do nosso Mundo, do meu pelo menos, já pouco resta de um Portugal que era o meu lar, - cala-te ó velho – parece que vos oiço, mas não tenho eu o direito a ser velho e dizer o que sinto? Pois parece que não, este novo Portugal quer matar os velhos a trabalhar, quer fazer emigrar os novos, substituindo-nos a todos por novos escravos que trabalhem por dez réis de mel coado, enchendo assim, ainda mais, os bolsos aos agiotas do costume, enquanto isso, este país que tanta falta tem de gentes, permite que hordas que nunca contribuíram para nada, continuem a viver do simples parasitismo, com casas à borla, escolas à borla e o mais que se queira, e assim andamos à deriva.

Os mais dos dias já não reconheço esta terra, não me julguem mal, não digo que isso seja mau, nem bom, é o que é, pessoalmente entristece-me, deixa-me perdido, foi o meu Mundo que desapareceu, assim do nada transformado nesta embarcação à deriva, que navega não sabemos bem para onde. Onde uns que não resolvem, nem fazem por resolver, os muitos problemas e desgraças que têm no seu quintal, acham que meter o nariz na vida de outros embarcando em flotilhas patranheiras, enquanto outros que suspiram por caravelas e ditadores de opereta de antanho que os salvem, sem sequer mexem um dedo para se salvarem a eles próprios e ou a todos nós, assim entretidos andamos à deriva.

Andamos tanto à deriva, que este Portugal está feito ao contrário, tudo, cada vez mais, parece feito com os pés, parece uma daquelas distopias famosas como o Fahrenheit 451 de Bradbury ou o 1984 de Orwell, isto tudo sem que alguém tenha uma réstia de siso parando para pensar naquilo que se está a fazer, e não procurem conselho dos eleitos, são uma praga, uma súcia de medíocres igualmente à deriva, tão ou mais perdidos como o resto de nós este pobre povo deste pobre país, aquele que conheci e se chamou um dia Portugal, hoje não já o reconheço, é outra coisa, igualmente eu sou outro, e também não me reconheço, se calhar ando também à deriva.

Um abraço, deste vosso amigo

Barão da Tróia

domingo, agosto 24, 2025

Portugal, Agosto de 2025

 

Fonte da imagem:https://rdpinternacional.rtp.pt/portugal/portugal-sem-chamas-lanca-linha-de-apoio-para-vitimas-dos-incendios

 



Mais do mesmo, incêndios e mais incêndios, o Centro de Portugal arde há semanas, as críticas sucedem-se em barda, diz-se mal dos politiqueiros, aqueles nos quais votam e a quem nada exigem, faltam meios humanos e materiais, falta água, faltam pessoas no Interior completamente abandonado, apenas uns poucos de velhos habitam as berças, velhos demais para cuidar, ignorados pelos doutos das governanças, mais do mesmo, entretanto o Centro de Portugal arde há semanas.

Nada de novo portanto, sucedem-se os governos, nada muda, todos os velhos novos problemas ressurgem a cada dificuldade, a cada fogacho, nada parece funcionar com o mínimo de tino e ou de lógica, há demasiadas capelinhas, todos querem mandar, vestir coletes cor de laranja e andar por ali a cirandar ajudando ao caos, pobres patetas, demasiada incompetência, demasiado laxismo demasiada corrupção e bandalheira, demasiado abandono, pelas televisões vamos assistindo a essa indesmentível realidade – parecem baratas tontas – dizia alguém um destes dias, entretanto o Centro de Portugal arde há semanas.

Ministros de férias, vão a festarolas das cáfilas politiqueiras apresentar eventos entre risos e sorrisos efusivos, depois sentindo a estupidez do acto apressam-se a vir às televisões dizer barbaridades, ministras, caladas já nada dizem, não tem nada para dizer, excepto patetices que estamos fartos de ouvir, já vimos isto, eles e elas, falhos de educação, já vimos isto, aparecem pelos monitores das televisões de cenho franzido, tentando mostrar aquilo que não sentem, medíocres miseráveis, estes actuais mais os outros e demais que se seguirão, gentalha, pouco vale estar neles a zurzir, que podemos esperar deste rebotalho ou de que vale dizer que não prestam, isso é a única certeza disto tudo, entretanto o Centro de Portugal arde há semanas.

Especialistas disto daquilo e daqueloutro enchem-nos o bicho do ouvido com velhas novas soluções requentadas que repetem há décadas e às quais ninguém presta a mínima das atenções, nada muda porém, e quando surge alguma mudança é inevitavelmente e quase sempre para pior, como aos dias de hoje verificamos, aqueles que ontem gritavam – demissão, demissão – hoje que no poleiro estão atalham – que não é bem assim. - Entretanto o Centro de Portugal arde há semanas

Será que este país alguma vez conseguirá sair deste “fado” desta maldição que nos persegue, um terço do país vegeta ao sabor do abandono, mercê de muitas condicionantes que agora não importa trazer aqui, não se vive, sobrevive-se. E o pouco que tinham, essas gentes para sobreviver, esfumou-se desfez-se e cinzas, quando tudo serenar, lá virão as lágrimas de crocodilo, os “inquéritos”, as “comissões” e demais inquirições que nada vão esclarecer e muito menos inquirir, falar-se-á disto até que um qualquer clube sofra um penálti e ou ganhe o campeonato, para o ano logo se verá, empurra-se com a barriga, doutor pra lá doutor pra cá, corja de inúteis, entretanto o Centro de Portugal arde há semanas.

Condolências às famílias daqueles que faleceram, condolências a um país que está morto e ainda não deu por isso, talvez seja melhor assim, veremos se daqui resultará algo de melhor, uma lição porém podemos reter, - estamos sozinhos- como se ouviu a muitas daquelas pobres gentes que viu arder as parcas posses, essa é grande lição meus caros, estamos mesmo sozinhos temos de nos bastar a nós mesmo, já pouca coisa neste país funciona, a Saúde é o que bem sabemos, a Justiça morreu, a Educação deixou há muito de o ser, a segurança do pobre cidadão já ninguém garante, entretanto o Centro de Portugal arde há semanas.

Um abraço, deste vosso amigo

Barão da Tróia 

quarta-feira, agosto 06, 2025

Povo manso que rumina

 

Fonte da imagem:https://www.marones.pt/conteudo.php?idm=31

  

O tempo corre quente, tão quente que nas árvores os passaritos desfalecem com a canícula, e o manso povo rumina. É Verão, partem a banhos os notáveis, cansados e de algibeiras fartas, cansados partem igualmente alguns dos menos notáveis, mas esses partem só cansados, que vão arejadas as algibeiras, e o manso povo rumina.

Há meses que nos entopem as vistas com não uma, mas duas campanhas eleitorais, há meses que desfilam por cima e por baixo de toda a folha, da maior das urbes até ao mais singelo lugarejo perdido nos confins das berças, cartazes, prospectos e demais poluição visual esborratados com as medonhas carantonhas associadas com as infindáveis listas dos putativos candidatos e demais matilhas de avençados, concorrentes aos lugares, bastante disputados, apesar de muito mal pagos, dizem alguns, dos municípios e juntas de freguesia, é um fartote este desfile de horrores, no entanto o povo manso rumina.

Pelos mágicos panos electrónicos, vão aparecendo em poses mais ou menos marciais os candidatos à presidência desta chafarrica a que gostamos de chamar país, entre almirantes títeres e farsantes, escolheremos lá para o início do próximo ano o senhor que se segue no cadeirão presidencial, entretanto entre esgares e encolher de ombros vamos enchendo as esplanadas, deslumbrados com o caracol e o espectáculo do fogo, a tal época de incêndios, maravilhosa invenção lusa, que nestes meses de estio, em que o futebol está de molho e o resto lhe segue o caminho, vai distraindo a maralha, no entanto o povo manso rumina.

Migrantes pra cima, refugiados para baixo, emigrantes e assim, culturas avessas à cultura, misturas de elementos que não se misturam mas que alguns pobres de espírito insistem em misturar, - somos todos humanos – gritam uns, -abaixo as portas escancaradas – vociferam outros, entretanto o povo manso rumina, apático incapaz de uma reacção, ah, e amamentar só dentro da Lei, sim porque havia aí muita teta seca ainda a dar leite, temos de atalhar à malandragem da mamoca, essa bandidagem que põe em causa o bom nome do país, gosto de governos assim, fortes, que não tem pejo de atacar as mamas da Nação, à bravos de Chaimite, à bravos navegantes que singravam o não conhecido, calem-se as musas que cantaram tais feitos menores, mais os feros Afonsos, tudo é ofuscado por este governo que ataca as bandidas das tetas amamentadoras e ó Deuses, quanta glória há em atacar mamas, no entanto o povo manso continua a ruminar.

Neste seráfico país dos bons costumes, nestas eiras povoadas de mansidão, onde urgências hospitalares abertas, enfrentam probabilidades mais ínfimas que vos sair o euromilhões, o povo manso rumina, embascacado, ultrapassado por uma voragem de um tempo demasiado rápido, cheira demasiado a extinção, a tugúrios de rapinadores e a mediocridade, mas não temam, chegando à hora de almoço, liguem-se os ecrãs, - que estará hoje a arder? – perguntam-se.

Lá fora está um calor de gelar a alma, num inferno de labaredas caindo em cascata de um fiorde dos mares lá do Norte, imutável o povo manso rumina.

Um abraço, deste vosso amigo

Barão da Tróia 

sexta-feira, julho 18, 2025

Os trotineteiros

 

Fonte da imagem:https://www.deco.proteste.pt/sustentabilidade/artigo/trotinetes-eletricas-como-circular-em-seguranca

 

A terreola onde habito, permitiu que se criassem, nas últimas duas décadas, hábitos cada vez mais perniciosos e medíocres, mercê de um abandalhamento colectivo que congregou na mesma espiral os vários elementos da sociedade local, desde logo os meus caros concidadãos, as autoridades locais e os restantes representantes da quase inexistente autoridade do Estado.

Este laxismo conjuntural, onde uns se queixam dos outros, sendo ao mesmo tempo pilares de suporte uns dos outros, fez com que se criasse uma incubadora perfeita para este estado de miséria que por cá se vive, uma coisa que vou apelidar de “labreguismo laxista”, cujas características principais passam essencialmente por um respeito muito liberal e comedido pelas leis do país além de uma sui generis abordagem ao cumprimento dessas leis.

O “labreguismo laxista” tem então produzido pérolas de comportamento deveras inclassificáveis que nem o adjectivo “simiesco”, traduz nem quadra bem, com o que por aqui se passa, correndo eu o risco de algum símio cumpridor ver a sua honra ofendida ao ser comparado com esta verdadeira horda de babuínos boçais, recorrendo, e bem, aos tribunais para apresentar a sua queixa contra a minha torpe comparação.

Há uns anos a esta parte, e disto já vos dei notícia amiúde, os passeios desta localidade, servem para tudo. Primeiramente passaram a parque de estacionamento de todo o tipo de veículos, depois para ser deposito de todo o tipo de materiais, equipamentos e sinais, mais recentemente começaram a servir de ciclovias, velhos e novos, homens e ou mulheres, por vezes até de gente que mercê da sua actividade profissional em funções públicas, que deveria dar o exemplo, assistimos a alegres cavalgadas ciclistas por cima dos passeios, isto tudo com a mansa complacência de quem de direito.

Entretanto ganhámos uma outra tendência, os trotineteiros, esta novel "raça" segue a velocidades quase alucinadas por cima dos passeios como se nada fosse, com a maior das displicências, aquilo é tudo deles, permitindo-se até, pasmem-se, invectivar o pobre peão, para arredar do passeio para que eles, os trotineteiros, possam passar, fazem lembrar o famoso “Arreda”1 que qual foguete faíscava pelas ruas de Lisboa nos finais do século XIX e princípios do século XX na sua caranguejola motorizada, gritando para os transeuntes,“arreda...arreda…”.

Eis meus caros o estado da nação, o pobre peão que habita aqui por estas berças, que saído à rua, faz verdadeiras gincanas para atravessar as vias desta gaiola de malucas, tendo de estar sempre alerta, porque de uma qualquer esquina pode surgir um bicicleteiro e ou um trotineteiro tresloucado, por isso caros leitores se vierem a esta terra tenham cuidado, ao dobrar da esquina pode vir um trotineteiro desvairado que vos passa por cima sem mais aquela, sendo que aquilo que mais dói, é a falta de respeito além do laxismo de todos aqueles que deveriam fazer respeitar a Lei.

Um abraço, deste vosso amigo

Barão da Tróia

1https://sinalaberto.pt/o-arreda/